Concurso "Viajando na Leitura 2022" - 1.º Período - Modalidade: Ilustração
Concurso "Viajando na Leitura 2022" - 1.º Período - Modalidade: Comentário
G.K. Chesterton Professor Otto Lidenbrock
O Martelo de Deus
Relativamente
ao conto “O Martelo de Deus”, adorei a sua leitura, pois tem uma escrita rica e
diversificada.
O autor
relata os erros cometidos por uma família afetivamente distante, que mais tarde,
se arrepende deles. O interessante é que o autor utiliza Deus como a verdadeira
entidade à qual a personagem recorre para pedir perdão pelos erros cometidos. Neste
conto, concretamente, foi uma das personagens que matou o seu próprio irmão, num momento de raiva. Também aborda um assunto importante e recorrente:
quem faz a maldade nem sempre é a pessoa que se pensa, logo “As aparências
iludem”.
Retiro
como lição deste conto o seguinte: não devemos cometer maldades mesmo que as pessoas
as tenham feito connosco, porque tudo o que fazemos ao outro volta para nós.
Precisamos de ter mais consciência de que temos de nos respeitar e amar. É um
conto que nos faz refletir sobre um tema presente no mundo de hoje em dia, ou
seja, a rivalidade e a ausência de laços afetivos da própria família e também,
a partir daí, os erros cometidos devido a este tipo de atitude mais fria e
egoísta.
Para concluir, aconselho vivamente a leitura deste conto, embora para um público mais crescido devido à complexidade da narrativa.
Matilde Gonçalves 8.ºA
Concurso Uma Aventura...Literária 2021
Concurso Uma Aventura...Literária 2021 - Menção Honrosa
Texto Original
O Velho Raposão
Lá estava ele a passear com o seu
desbotado guarda-chuva. Cauda parda, botas e orelhas negras, focinho arrebitado
e branco de bigodes vulpinos. Varria o chão por onde passava com a sua cauda
felpuda. Percorria a mata num passo lento e cauteloso, não fosse ele encontrar
um coelhinho.
Não tinha propriamente um nome, pois
era conhecido como o Velho Raposão. Havia tido bastante sucesso em vida visto
que dispunha de várias moradias, mas não passava de um rico burguês que todos
temiam, incluindo o rei da floresta.
Enquanto passeava, encontrou-se com um
jovem javali, que rebolava na pruma. O desgraçado do porco nem se apercebeu que
o ancião o observava. A certa altura, o raposão decidiu falar-lhe:
- Está um bom dia para nos sujarmos! Não
é, porquinho?
O javali, surpreso por não ter
reparado na presença deste, respondeu-lhe:
- Bom dia, senhor! Sabe, é que estou
com uma comichão terrível no meu pescoço desde que fui ao nosso vizinho
Espanha…
- Então é isso…- pronunciou-se,
interessado.
- Sim, Excelência!
O velho continuou o seu passeio pelo
matagal e rapidamente desapareceu na folhagem. Dirigiu-se para a sua toca
oficial. Não pensem que era um buraco escuro, imundo e fedorento, pois não era;
era sim uma moradia que se preze. Era isolada do resto do reino e tinha lá a
mais bela mobília, louça, pintura, comida, tudo entre um chão e teto de
madeira.
Sentou-se na sua poltrona escarlate,
entre uma janela e a lareira, e pôs-se a contemplar o vazio da sua sala de
estar. Porém, cansou-se rapidamente e começou a ler um livro de bolso.
Pela calada da noite, bateram à porta
do aprisco. O raposo deparou-se então com Colombo, o corvo encarregado de
revelar as “notícias” de última hora.
- Boa tarde, vossemecê. Venho informá-lo
de que, por ordem do rei Corso, teremos de permanecer nas nossas residências,
porque anda a circular uma espécie de gripe que infeta todo o tipo de seres. Se
tiver algum sintoma, escreva ao curandeiro da sua zona territorial. -informou-o
a ave com uma certa preocupação.
- Muito bem!
E fechou a porta
no bico do corvo.
O raposão assim cumpriu. No entanto,
por vezes, olhava para além da janela da sua casa e via pequenos grupos a
festejar o aniversário de alguém, ou batizados, ou comunhões, enfim, coisas
muito pouco corretas. O que é certo é que o velhote só saía do antro para
caçar.
Houve várias vagas da praga, mas
nenhuma chegou a atormentar o raposo. Mais tarde, soube-se que não só
prejudicava o bicho; também poderia matar. Como a primeira criatura a falecer
deste mal foi uma rola, a doença foi chamada de gripe das Aves. Todos receavam
que o que acontecera à rola igualmente lhes sucedesse.
Na primavera, uma andorinha resolveu
ficar pelo reino de Portugal. Ela contou histórias vividas até chegar a este
país, referindo que havia passado por Itália e que a peste tinha começado
naquela república, na bela cidade de Veneza.
O velho senhor continuava no luxo da
sua moradia, mas outros não tinham a mesma sorte. Devido à epidemia, muitos
perderam os seus negócios. As andorinhas não permaneceram no verão. As clareiras
e prados, repletos de papoilas, lírios, narcisos, dentes-de-leão, estavam
vazios.
- O rei não sabe pôr mão no bicho! –
bradavam os republicanos pelas florestas e vales.
O jornal diário do reino falava nas
crises com que os boticários lidavam nos seus lares.
O raposão, que agora era raposinho,
uma vez que agora era ainda mais velho do que era, já não se levantava do seu leito.
Contudo, nada o impedia de se levantar uma vez por dia para se sentar no seu cadeirão encarnado e daí olhar
para o alargado horizonte, sendo que a toca era no alto de um monte.
Passou o tempo e o povo já se cansava
da praga… No final de quase dois anos, acabaram por desenvolver a dita isenção.
Os ratos que vinham da cidade de férias contaram que o bicho-homem não tinha
sido afetado pela doença e as corujas e os bufos estudavam essa situação tão
intrigante.
Após três semanas sem se ver o velho
raposão à janela, um grupo de animais resolveu entrar no aprisco. Desafortunado,
o raposão já nem raposão era; era pura e simplesmente um corpo peludo. O pobre
coitado batera as botas durante o seu confinamento. Os olhos e caras das
criaturas empalideceram. Uns sentiam culpa, tristeza e mágoa; outros uma certa
felicidade.
Se calhar, deva agora referir o desejo
do canídeo. Embora solitário, maldoso e ladino, o desejo do velho raposão era
que, quando morresse, estivesse rodeado de amigos e velhos companheiros. Porém,
por causa da doença e da má gerência da praga, morreu solitário e sem o seu
sonho se realizar.
Ricardo
Rocha - 7ºC
Histórias da Ajudaris 2021
Se eu fosse uma criança injustiçada queria:
Ter uma vida feliz;
Restituir ao mundo a magia;
Amor de todos receber;
Banir o mal para o bem vencer;
Alertar para os direitos das crianças;
Libertá-las do sofrimento;
Humanizar as atitudes dos Homens;
Orgulhosa ficar quando a maldade
acabar.
Impedir a desigualdade;
Não permitir a exploração infantil;
Fomentar o respeito por cada um;
Acabar com a exclusão social;
Não autorizar o abandono escolar;
Todo o Amor, Carinho e Alegria;
Igualdade, Abrigo e Segurança;
Liberdade e Educação para toda a
Criança.
Centro Escolar de Barroselas
Professora Filomena Pires
Histórias da Ajudaris 2021
Se eu fosse...
Professora,
pintora ou inventora
Não
sei que decisão tomar...
Tenho
que dar uma resposta
E
não sei por qual optar.
Ainda
sou pequenina
Mas
já penso em ser bailarina
Disse
à minha mãezinha
Para
me dar uma ajudinha.
Ela
disse para ser jardineira
Para
cuidar da floreira.
Poderia
ser neonatologista
Seria
como uma flor a desabrochar
Entre
choros e gritos aborrecidos
Entre
a emoção dos pais a chorar.
Também
pensei em ser atriz
Para
poder entreter
E
os meus filmes cómicos
Poderem
ser felizes a ver.
Se
eu fosse professora
Gostava
de ensinar
Pôr
os meus alunos a ler e escrever
Para
um dia os formar.
Cozinheira
poderia ser
E
novos sabores fazer
Os
clientes satisfazer
E
um mundo conhecer.
Se
eu fosse polícia
Ladrões
prenderia
E
todos ajudaria
Aplicaria
coimas às infrações
Acabaria
com os aldrabões.
E
se fosse veterinária?
Animais
iria ajudar
Para
alguém os amar.
Também
poderia ser cabeleireira
Cortar,
pintar e pentear
Todas
as pessoas arranjar
E
assim as alegrar
Se
eu fosse piloto
Levaria
pessoas a viajar
Para
conhecer novos países
E
fazê-las sonhar.
E
se eu fosse bombeira
Salvaria
muitas pessoas
Ali
ao longe e à minha beira.
Se
eu fosse palhaço
Colocaria
todos a rir
Faria
malabarismos
E
deixar-me-ia cair.
Já
sei, vou ser médica...
Para
segurar na mão de um velhinho
E
dizer-lhe bem baixinho
Que
tudo ficará bem,
mesmo
que demore um bocadinho.
Vou
ser médica
Farei
de tudo para encontrar uma solução
Quer
seja um adulto, um velhinho ou um menino
Sem
nunca perder a paciência, a fé e a esperança.
Vou
ser médica
E
a febre irei medir
O
coração de toda a gente ouvir
E
dar um remédio para fazê-los sorrir.
Vou
ser médica
E
a cura para o Covid encontrar,
Deixar
as pessoas mais felizes
E
tornar o mundo melhor para habitar!
B2B - Centro Escolar de Barroselas
Professora
Liliana Arezes
Histórias da Ajudaris 2021
Se eu fosse…
Certo dia, estava eu na casa dos meus avós, sem nada para
fazer, pois eles estavam na conversa com o meu tio que tinha acabado de chegar
de Espanha. Então, lembrei-me de ir andar no baloiço do jardim. Quando lá cheguei,
comecei a pensar em muitas coisas… Aquele ambiente trazia bastante
tranquilidade, até que vi uma formiga e pensei:
- E se eu fosse uma formi...nah.
Deitei-me na relva e comecei a pensar o que eu gostaria
de ser.
- E se fosse uma carta? Iria viajar por todo o mundo, mas
seria muito cansativo, por isso, não.
- E se fosse uma ave? Voaria todo o dia, por cima de
campos e cidades, mas iria ficar exausta, por isso, não.
- Se fosse uma abelha? Voaria de flor em flor, mas
poderia picar alguém sem querer e ficaria triste, então, não.
Pensei...pensei...e do nada, lembrei-me de uma medalha. SIM!
Essa medalha que estás a pensar! Aquela medalha que fica no pescoço dos mais
variados vencedores, aquela que se recebe com mérito, aquela que deixa um
sorriso a quem a recebe...imagina estar no pescoço da Patrícia Mamona ou no
peito de uma criança pequenina que levou uma vacina ou até pertencer a uma criança
que participou no The Voice Kids e
ficou na equipa do Carlão, ahahah!!! Se eu fosse uma medalha...gostaria de ser
de ouro e estar no meio de outras iguais a mim na prateleira do Jorge Fonseca,
ter sempre amigas para falar comigo e quando alguém o fosse visitar, iria olhar
para a prateleira e ficaria impressionado com o nosso brilho.
- Ai que sonho!
De repente, a minha avó chamou-me... o meu tio já ia
embora, por isso, fui despedir-me dele, e depois fui dar uma caminhada com os
meus avós para aproveitar o dia de sol.
6.ºC
Professora Alice Ribeiro
Histórias da Ajudaris 2021
Se eu fosse um pássaro
Se eu fosse um pássaro, seria
colorido, com plumagem azul e preta, um bico longo para apanhar peixes nos rios
e nos mares e seria um apaixonado por viagens.
Voaria pelo mundo até as
minhas asas se cansarem, exploraria terras, vilas e cidades. Viajaria pela Europa
e iria da Ásia até às Américas, passando por África, Oceania… enfim, seria um
pássaro curioso que gostaria de viajar e conhecer o mundo. Sobrevoando as
florestas mais extensas e as mais pequenas, as cidades mais habitadas e as
aldeias mais isoladas, tomaria contacto com as mais variadas culturas dos diferentes
países dos vários continentes. E, quando a minha jornada terminasse, estaria cansado,
mas ao mesmo tempo muito feliz por concretizar um sonho meu e de muitas pessoas
– conhecer o mundo. Por outro lado, sentir-me-ia bastante triste e preocupado
com tudo o que está a acontecer no Planeta. Tomaria maior consciência de que
estamos a viver uma era em que ocorrem grandes alterações climáticas, por ficar
encharcado nas várias chuvadas por que passaria, com as minhas penas coladas de
petróleo nos mergulhos nos oceanos e muitas vezes com as patas presas nos
plásticos e nas redes que inundam esses mares. Nesses momentos de aflição em
que me debateria com o plástico abandonado pelos humanos, aperceber-me-ia de
que o mundo está cada vez mais poluído e
de que é urgente parar para que a Mãe Natureza não sofra mais.
Assim,
ao longo desta maravilhosa viagem ficaria, muitas vezes, receoso pela minha
vida e pelo futuro do Planeta, porém esperançoso que os seres humanos tomem
consciência a tempo da gravidade da situação e usem a sua inteligência para
salvar o Planeta Terra, que é de todos.
Professora Alice Ribeiro
Concurso "Escrever é viver- textos juvenis em tempo de pandemia"
Asfixia do Pensamento
– Um grito de liberdade
Nunca me apercebi
ao certo o quão ruim a situação estava até ele morrer.
Morrer. Uma palavra
tão forte, com um significado tão leve, uma pequena transição para o vazio,
para o lugar nenhum e para o todo. Uma palavra que te obriga refletir só de
pensar nela, que te faz temer só de a imaginar, e que te permite libertar
quando te deparas com ela.
Era o meu pai. Era
meu amigo e meu confidente. Meu suporte e meu tudo.
Nunca imaginei que
seria desta forma, tão abrupta e asfixiante. Uma ironia da minha escrita, visto
que foi dessa exata forma que ele faleceu, ou pelo menos é o que dizem os
médicos, os doutores da sabedoria e da informação, os heróis desta nação.
Poupem-me! Estou farta. Cansada de esperar alguém bater-nos à porta, com uma
solução milagrosa de uma vida melhor. Desiludida com o mundo, com o povo
incapacitado de lidar com isto e com os que governam. Cada decisão mais
desastrosa que a outra! Salvando cada vez mais indivíduos, curando-os, em
contrapartida condenam os outros, o resto que morreu e ainda morre, dolorosa e
lentamente, num leito dos Cuidados Intensivos, até seu último suspiro se fazer
presente, ou melhor, ausente.
Eu, sinceramente,
acho que já cheguei nesse ponto, na morte espiritual digo.
Na vontade
desmerecida de tentar e falhar.
Cheguei ao fundo do
poço.
Já que nem com a
escola me preocupo. Até mesmo no momento em que uma ágil e silenciosa mão se
infiltrou pelo bolso do meu casaco, nem aí eu me importei, o corpo do ladrão
colidindo contra o meu, e os míseros cinco euros que eu tinha para lanchar se
esvaíram. Como a vida dele, naquele hospital, naquela maca, as respirações
entrecortadas, dando às máquinas um pouco de descanso antes de cumprirem a sua
função com outro paciente, até este morrer ou milagrosamente levantar-se e sair
de cabeça erguida pelas portas do hospital indo em direção ao sol radiante que
o espera como uma segunda oportunidade, coisa que meu pai nunca mais terá a
possibilidade de fazer.
Eu tento me lembrar
que ele está morto, sem vida, com os órgãos paralisados num movimento que
jamais conseguirão executar. Mas mesmo que passe todo o infeliz segundo a
advertir-me, nunca é o suficiente, ele está lá comigo, a toda a hora, a todo o
momento.
Uma vez ouvi dizer:
“As pessoas que nos amam nunca nos deixam e poderás sempre encontrá-las aqui,
no coração.” finalmente descobri o verdadeiro significado dessa citação. Ele
estará sempre comigo, vendo-me tentar tornar o que sempre quis ser, o meu e seu
próprio orgulho.
Pai, eu sentirei a
tua falta, juntamente com a minha já escassa liberdade.
Margarida
Cruz
9ºC nº12
Escola Básica e Secundária de Barroselas
Concurso "Escrever é viver- textos juvenis em tempo de pandemia"
Concurso "Escrever é viver"
Como tudo
aconteceu
Tudo mudou
repentinamente. Começámos a ver cada vez mais notícias acerca do novo vírus e a
ficarmos cada vez mais assustados… Novo vírus ou um que tinha voltado a atacar?
De algo tenho a certeza: voltou com toda a força.
Olá! Eu sou a
Maria João, vivo em Barroselas, pequena vila do concelho de Viana do Castelo, sou
uma aluna do 9º ano e a minha vida deu uma volta de 180 graus desde o último
ano. Toda a gente sofreu com esta pandemia mundial. Pessoas que tinham ainda a
vida a meio faleceram, casos aumentam todos os dias, a proibição da nossa vida
continuar normalmente… tudo nos foi arrancado e causou um impacto e uma dor
mais forte do que uma faca a ser arrancada do peito. Posso parecer exagerada,
porém, é isso mesmo que quero ser! Esta pandemia é um assunto muito mais
delicado e frágil do que parece.
Muitas pessoas
minhas conhecidas disseram-me:
«Sabes Maria…
toda a gente diz mal do Covid, mas, a verdade é que com a quarentena aprendi
muitas coisas novas!»
A minha reação a
isto foi: «Boa, mas, não as poderias ter aprendido sem o Mundo estar a sofrer
uma pandemia mortal?»
ATENÇÃO: não estou a
julgar as opiniões de ninguém porque eu mesma posso contar a minha «versão da
história» de março de 2020.
*ligo a
televisão*
«Jornal afirma
que 1º contágio da covid-19 na China foi em novembro.»
Eu: Ui! Outro
vírus… que bom.
Pai: Tinha de
vir da China.
Mãe: Tu não
comeces também.
Eu: Vou mudar de
canal, pode ser?
Pai: Shiiu!
Quero ouvir.
--------------------------------------Passado
algum tempo----------------------------------------------
«Escolas irão
fechar por apenas duas semanas devido ao número elevado de contágios do novo
Covid-19.»
Eu: Olha que
bom! Duas semanas para eu dormir mais! Afinal este covid ainda vai ser nosso
amigo!
«Alunos irão
começar a ter aulas online devido ao covid-19.»
Mãe: Eu já sabia
que isto ia acabar por acontecer…
Eu: Sabias?
Olha, eu já não estou a gostar muito disto. Não deve ser por muito tempo,
também.
Pai: Não te fies
nessa, Maria.
Pois é! Acabámos
o 3º período com aulas online. Já não estava muito bem mentalmente em relação a
isto. A minha família começava a ser infetada e a minha preocupação só
aumentava.
2021 chegou!
«2021 VAI SER UM ANO MELHOR»- ouvia eu repetidamente. Já não existiam grandes
expectativas da minha parte. Tudo parecia vago e a minha vida estava cada vez
mais escura e longe de encontrar um raio de luz.
Voltaram as
aulas presenciais, no entanto, pouco tempo depois de 2021 ter começado, outra
notícia chocou todos. Alunos vão para casa de novo durante uma semana! Ao ver
aquilo pensei: «quem é que eles querem enganar com uma semana? Oh meu Deus.» Eu
estava certíssima! Ficámos um mês em casa a ter aulas online e neste momento
estamos na escola de novo… será que vai ser definitivo? Ninguém sabe.
Mas com isto, eu
só queria mostrar os meus sentimentos ao longo da pandemia. Mudou bastante,
certo?
Para que fique
bem claro, eu não me tornei numa pessoa infeliz! Felizmente, ainda tenho as
pessoas que mais amo ao meu lado e espero que elas não me deixem agora. De algo
eu tenho a certeza: a pandemia fez-me repensar em muitos acontecimentos e
possíveis cenários futuros… pensei, pensava e penso. Neste momento, eu só quero
que as pessoas que me rodeiam estejam bem e que possam fazer as suas atividades
e o que gostam sem guardas a mandarem-nas colocar a máscara ou afastar-se mais
um pouco dos seus amigos. Eu também mudei muito com tudo isto. Sou agora uma
pessoa muito mais madura e consciente, no entanto, acho que estou a crescer
rápido demais, mas é o que tem de ser!
Eu também tenho
medo e sinto-me mal por estar a perder a parte da minha vida que era suposto
ser «o highlight de tudo». Estes anos que estou a passar fechada eram para ser
os melhores? Bom, acho que não estão a ser, mas vou tentar vivê-los mais tarde
e aproveitar ao máximo o facto de ainda estar viva.
No final, posso
sempre dizer aos meus netos que sou uma sobrevivente do Covid-19 e espero
seriamente que eles fiquem admirados e orgulhosos de mim porque isto não está a
ser muito fácil.
Maria Felgueiras 9.ºD
Concurso "Escrever é viver- textos juvenis em tempo de pandemia"
Concurso "Escrever é viver- textos juvenis em tempo de pandemia", uma iniciativa do Instituto Multimédia.
O meu avô
O meu avô Zé nasceu a 4 de setembro
de 1944, em Miranda do Douro.
Aquando do seu nascimento, a sua mãe não
tinha o apoio de ninguém; era maltratada pela própria família, pois, naquele
tempo, ser mãe solteira não era algo aceite pela sociedade. Cresceu no meio
rural, onde sempre teve de ajudar no campo, cuidar dos animais e ocupar-se de
uma tia doente.
Entrou para a escola primária por volta
dos 8/9 anos e, ao chegar ao último ano, ou seja, no momento de fazer o chamado
exame da 4ª classe, a professora pediu-lhe a cédula. Ao ver que o apelido
(Lopes) do meu avô não era aquele que constava nas assinaturas dos testes (assinava
sempre com Diego, que era o apelido da mãe), ficou espantada, pois ignorava que
era filho de pai incógnito.
Naquela altura, mesmo sem ainda o
reconhecer verdadeiramente como filho, o progenitor, apesar de tudo, zelava
pela sua educação e, querendo incentivá-lo a estudar, prometeu-lhe então que,
se concluísse o exame final com sucesso, oferecer-lhe-ia uma bicicleta. Na
verdade, o meu avô ficou aprovado, mas o prometido tardava a aparecer. Vendo
toda esta injustiça à sua volta e sentindo-se um pouco desamparado, cresceu
nele uma enorme revolta interior. Consequentemente, recusava-se a desempenhar
as tarefas domésticas e agrícolas que lhe eram destinadas, acabando por
abandonar o lar materno para ir viver com uma tia, que morava numa aldeia
vizinha.
Num misto de revolta e de desejo de
afirmação, típico da adolescência, e tendo bem presente o episódio da História
de Portugal em que D. Afonso Henriques declarou guerra à sua própria mãe, o
mesmo decidiu o meu avô fazer com o pai. Assim, conseguiu gerar uma reação do
outro lado e, finalmente, aos 14 anos, recebeu a prometida e tão ambicionada bicicleta.
Contudo, havia ainda uma grande
mágoa dentro de si: o apelido Lopes nunca mais lhe era reconhecido e isso
entristecia-o. Certo dia, o pai do meu avô lá resolveu ir ao Registo Civil e
trouxe consigo uma nova cédula. Foi ter com o filho, que se encontrava a pastorear
os animais num terreno baldio, e atirou-lhe a nova cédula para o chão, com um semblante
carrancudo, avisando-o de que, dali em diante, se deveria portar melhor.
Por volta dos 20 anos, depois de ter
cumprido o serviço militar em Leiria, no Regimento de Artilharia nº4, tirou a
especialidade de escriturário porque já era uma pessoa muito instruída para
aquela época. Entregue a ele próprio, sem o apoio de ninguém, decidiu escrever
uma carta ao general responsável pelas províncias de Angola e Moçambique, pois
não tinha dinheiro. Um mês depois de a declaração ter ido a despacho, saiu na
ordem de serviço o número mecanográfico do meu avô, onde constava também que
seria colocado em Moçambique.
Chegou a Maputo em julho de 1966
para trabalhar como escriturário. Em fevereiro de 1974, nasceu a sua primeira
filha e, pouco tempo depois, deu-se a Revolução de 25 de abril, momento em que
voltou para Portugal com a sua família, como retornado. Neste regresso, ainda
aconteceu a desgraça do barco onde viajavam ter-se incendiado e terem perdido
todos os bens, ficando apenas com a roupa que tinham no corpo e com 20 mil
escudos no bolso.
No ano de 1976, nasceu o segundo
filho para grande alegria da família. Naquele tempo e, por ser um rapaz, sempre
andou na escola e estudou até à idade de 15 anos. Era um menino muito acarinhado
por toda a gente da aldeia, visto que era acólito na igreja, fazia parte do
grupo de Pauliteiros de Duas Igrejas e jogava futebol na Associação Desportiva.
Infelizmente, apesar de tudo parecer estar bem, este adolescente ansiava por
liberdade e, quiçá, por uma vida melhor que, naquela aldeia e naquele tempo,
não poderia ter, pois os pais obrigavam-no a trabalhar quer nas tarefas
agrícolas quer a cuidar dos animais, o que o impedia de viver a sua mocidade.
Aos 15 anos, suicidou-se (com pesticidas) e, até hoje, ninguém sabe o motivo
pelo qual o desfecho deste menino foi tão trágico.
Mais tarde, depois de a sua filha
ter a vida encaminhada, o meu avô tornou-se condutor manobrador de máquinas
industriais, tendo trabalhado numa empresa transformadora de inertes, durante 30
anos. No ano de 2001, nasceu a sua primeira neta, e, dois anos depois, ficou
viúvo. O nascimento da segunda neta, em 2008, trouxe-lhe novo alento, renovando
o seu espírito e prendendo-o à vida.
Aos 65 anos, em 2009, aposentou-se e,
tirou o curso das Novas Oportunidades, tendo ficado com equivalência ao 9º ano
de escolaridade e adquirido as noções básicas das Tecnologias de Comunicação e Informação,
que o capacitaram a utilizar com autonomia os computadores. Algum tempo depois,
participou num curso de poda e aprendeu ainda a tocar acordeão. Nos últimos
anos de vida, dedicou-se à plantação de árvores de frutos secos, designadamente
amendoeiras, nogueiras e avelãzeiras.
Porém,
decorrida uma década, a sua vitalidade e alegria começaram a esmorecer. Uma
permanente indisposição e fadiga consumiam-no e sentia-se que o seu estado de
saúde piorava dia após dia. Fora cinco vezes ao hospital de Miranda do Douro e
sempre lhe ocultaram a verdade, receitando-lhe medicamentos de proteção do
estômago (e não tratando com a devida urgência da sua grave doença). Assim, a 8
de fevereiro de 2020, a filha e a neta mais velha, resolveram ir buscá-lo a
Duas Igrejas, dado o seu estado de saúde se ter agravado e os médicos não
apresentarem explicações claras nem soluções.
No
dia 10 de fevereiro do mesmo ano, deu entrada no Hospital de Viana do Castelo,
sendo rapidamente atendido graças ao apoio de uma enfermeira, grande amiga de
minha mãe. Após ter feito vários exames, os médicos revelaram-lhe, ao fim de três
dias, que tinha um cancro no estômago em estado avançado e que não poderia
fazer quimioterapia porque o seu coração já só funcionava a menos de metade da
sua capacidade.
Perante
tal “veredicto”, toda a família ficou atónita, sentindo uma grande consternação
e impotência. Nessa altura, estávamos na primeira fase da Covid-19, o que não
favoreceria a situação. O meu avô ficou apenas hospitalizado dois dias nos
cuidados paliativos para acertar a medicação, regressando a casa da filha, onde
passou o resto dos seus dias com todo o conforto e amor da família.
O meu avô acabou por falecer a 11 de
maio de 2020, em Viana do Castelo, vítima de um cancro no estômago, que,
infelizmente, não foi detetado a tempo.
A parte mais difícil e dolorosa foi na
hora da despedida, visto que, em plena pandemia, não pudemos realizar a
merecida cerimónia religiosa, o que não permitiu que muitos dos seus amigos e
familiares estivessem presentes para um último adeus.
Partiu para sempre, mas deixou os
seus ensinamentos, o seu espírito guerreiro e esta mensagem para as suas netas:
“Sejam pessoas educadas e honestas durante a vida. Tentem aprender sempre mais
para se tornarem cultas. Não desistam daquilo que são e lutem pelos vossos
objetivos, sem nunca querer magoar o próximo. Nunca é tarde para aprender e
sejam felizes!”.
Bem-aventurados os netos que têm um
avô como um meu avô Zé. Têm, sim, porque permanecerá bem vivo nas nossas
memórias e sempre presente nos nossos corações.
Cátia Oliveira,
7º D, nº 2
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