Decorreu no dia 25 de janeiro a terceira sessão presencial no âmbito da parceria estabelecida entre os alunos do 10º Ano do Agrupamento de Escolas de Barroselas e a Associação de Reformados e Pensionistas de Barroselas (ARPB). Os compromissos assumidos somam e seguem a bom ritmo, com proveitos tangíveis ao nível da consolidação da relação afetuosa, que se estabeleceu de imediato, e simultaneamente apresentando resultados concretos de trabalho efetivo.
Com efeito, está em preparação a celebração do Dia de S. Valentim, uma das efemérides incluídas no projeto que está a ponto de acontecer, e, articulando gostos pessoais, sensibilidades artísticas, tradição local e disponibilidade horária, o encontro na sede da ARPB do dia 25 revelou-se a ocasião mais favorável à realização de dois pontos do projeto: a realização de um inquérito ao grupo sénior sobre os hábitos de leitura e a observação in loco dos seus passatempos e ocupações, mas sobretudo a realização de um workshop sobre lavores.
A docente de Português e a professora bibliotecária transferiram para as mãos ágeis das mestras da ARPB as competências de condução da aula sobre poesia em lenços dos namorados.
Cada aluno foi instado a preparar com antecedência o seu projeto de lenço dos namorados: uma frase, um verso, um excerto de um autor mais ou menos consagrado da literatura, da filosofia ou da ciência que maior impressão lhe causasse no atual estádio do seu desenvolvimento emocional e intelectual. Uma vez na sala de trabalho da ARPB, foram confrontados com um conjunto de protótipos de ornamentação das peças a construir e selecionaram o seu preferido. Seguidamente, organizados em grupos, uns levavam a cabo a aplicação do inquérito, previamente preparado pelas docentes envolvidas no projeto, usufruindo das funcionalidades práticas dos tablets da BE; outros, sobretudo elas, encetaram a primeira lição de bordado, “com todos os pontos e vírgulas”, familiarizando-se com os instrumentos, as especificações e a linguagem decorativa relacionada com o objeto a produzir; outros ainda encetaram o processo de decalque para o tecido dos motivos e mensagens a bordar em cada lenço. Em cada grupo, as mestras eram incansavelmente atenciosas, zelosas e pacientes. Paralelamente, a peça de tecido ia sendo cortada em pequenos quadrados, sob as orientações e manejamento de outras mestras, para, logo de seguida, uma outra encetar a tarefa da execução das bainhas. Sem pontosmortos, o engenho e a arte de uns e a curiosidade de experimentar a novidade de outros deram azo a uma azáfama mútua diligente e empenhada. De tal sorte que, na próxima semana, os jovens lá baterão novamente o ponto para a “continuação da aula anterior”.
E não é só pela aproximação da data em que se pretende levar a cabo uma mostra dos seus trabalhos, senão também porque a dinâmica gerada entusiasmou de tal modo mestras e aprendizes que a vontade de um novo encontro se instituiu natural e espontaneamente. Os alunos puderam constatar que, quando se quer mesmo, “a obra nasce” e tencionam levá-la a bom porto com celeridade e “de ponto em branco”, porque já viram que conseguem. Do que se depreende que, quase impercetivelmente, uma das mais-valias do projeto em curso – que não dá ponto sem nó – se está a saldar na aquisição e/ou confirmação de autoconfiança, de sentido estético, de apropriação e valorização do património cultural regional por parte dos jovens.
E não. Não haverá lugar a erros ortográficos nas mensagens a inscrever. Agora os tempos são outros, já ninguém ignora as regras da língua – atira com solenidade e assertividade a mestra D. Fernanda. Ora aqui está outra mais-valia que se aproveita desta disposição da mestra sénior que é também ponto de honra para as docentes envolvidas, ambas de Português. Maus-tratos à Língua, o nosso maior património, não são, de facto, admissíveis.
E, como ponto de partida, lá se exercitaram o ponto pé-de-flor, o ponto de cadeia, o ponto de malmequer, e, em picando o ponto, as alunas picavam, de quando em vez, também o dedo – ossos do ofício! Sem reservas, lá estava sempre um ponto de apoio: D. Clara, D. Madalena, D. Fernanda, D. Bina… e tantas outras experimentadas mestras.
O chá das quatro e ¼ - um ponto de honra deste workshop (de resto, um protocolo que se tem seguido em todos os encontros concretizados até então – com variantes, é claro!) – foi o ensejo para recarregar energias e dar descanso aos dedos, à agulha, ao papel químico. Não houve pão-de-ló molhado em malvasia, nem talhadas de melão, nem damascos, como diria Cesário Verde, porque não se tratou de um piquenique de burguesas. Houve bolo de coco e bolo de cenoura e noz, chá e cartuchinhos com chocolates, numa grata e doce reciprocidade entre ambos os grupos, porque era uma atividade pedagógica intergeracional.
Às 5 em ponto, a sessão terminou, ficando os primeiros debuxos de cada projeto individual dispostos pelas mesas de trabalho, em modo “três pontos” (aproveitando aqui o valor expressivo das reticências), até à sessão da próxima semana, a fim de ser ponto assente que, no final, se há de desenhar no rosto de cada “empreendedor” do projeto Ler+ Jovem um ponto de exclamação.
A ponto, para os que ficaram curiosos, com ar de ponto de interrogação: tenham lá um pouquinho de paciência e aguardem a exposição. Ela vai acontecer oportunamente.
Professora Rosa Cruz