Leituras

“O Rapaz do Pijama às Riscas” tem feito furor pelo mundo fora. Depressa saiu do papel para se tornar um filme. Quando o comecei a ler, não sabia literalmente nada acerca da história, das personagens… Nem sequer sinopse tem, a edição que comprei. Como tal, cada página foi uma descoberta e, lentamente, comecei a aperceber-me do seu rumo, ficando gradualmente horrorizada com o que adivinhava ser o final.
Por se tratar de uma obra de literatura juvenil, sabemos que a linguagem é muito acessível, o tom muito jovem – a roçar o infantil, o enredo muito simples e com um desenrolar de acontecimentos muito rápido.
Contudo, não nos deixemos enganar pela inocência do enredo nem pelo mundo cor-de-rosa em que Bruno vive. Ao fim e ao cabo, esta é uma história acerca da inocência das crianças num mundo bélico, feio, escuro e pleno de sofrimento, o que confere um grau de sentimentalismo muito intenso, sobretudo a partir de meio do livro, momento em que Bruno e Schmuel se tornam amigos. Nas suas longas conversas, sabemos que nenhuma das crianças está ciente do que se passa no campo de “Acho-Vil”, pelo que percebemos que a maldade do mundo dos adultos ainda não os afectou conscientemente, muito embora ambos sofram as suas consequências de formas muito distintas. Achei, também, muito curiosa a forma como o autor transmitiu quase o egoísmo e o egocentrismo do jovem alemão e a modéstia e a maturidade do rapaz judeu, personalidades e formas de ser talhadas na sequência dos seus percursos de vida.
Ao ler o livro, achei deveras impressionante, a perspectivação do holocausto sob o ponto de vista de uma criança alemã e de uma criança judia, a amizade, a conversa entre os dois e a ignorância deles sobrea realidade circundante.
Esta é uma história extraordinária sobre a amizade, que consegue ultrapassar os horrores de uma guerra, do racismo e de crenças religiosas.

Sem comentários:

Enviar um comentário